quarta-feira, 6 de maio de 2009

Sobre o ensino de História

Estudar história é apropriar-se da construção da vida da humanidade. É fazer-se, atuando como cidadão: conhecendo sobre nossas vidas, dirigindo o nosso olhar crítico às organizações sociais, culturais, políticas e ideológicas que possibilitam ou justificam tantos poderes para alguns, em detrimento de uma maioria.
É através da maturação deste olhar voltado para a compreensão do fato histórico que nos respeitamos enquanto fazedores de história; que aprendemos sobre nossas diferenças, sobre nossas famílias, pais avós, bisavós; sobre a construção da relação com a religião, sobre atuações políticas, eventos culturais e cotidiano. Aprendemos sobre fartura e a falta; sobre a liberdade e a opressão; sobre revolução e passividade; sobre homens, mulheres, crianças; sobre a guerra, a paz e os desafios.
Estudar História é aprender a atrever-se. É sentir-se inquieto, firme e perceptivo. É construir-se leitor do mundo, do contexto que o cerca e que caracteriza o fato. É sabiamente aprender a ser senhor dos tempos. É aprender a andar na rua, pegar ônibus e conhecer a cidade; é aprender a andar pela caatinga, pegar atalhos e a conhecer cada palmo do chão onde se faz e atua.
Nas salas de aula procuramos fazer do ensino de História um eterno aprender sobre a ciência. Eternizar índios, africanos, astecas, incas, mesopotâmicos; eternizar chineses, hindus e europeus. Todos os povos e todas as suas lutas de classes. Todas as etnias e suas múltiplas culturas. Estudamos história e aprendemos a escrevê-la nas relações que vamos estabelecendo com o outro – irmão, amigo, colega, empregado, parceiro. Aprendemos sobre valores. Sermos honestos, respeitosos e éticos. Aprendemos a cultivar com o olhar lançado para o presente e futuro. Aprendemos sobre nós, despertando para a responsabilidade. Aprender Histórias...
As razões para se pensar em aulas de História desta maneira estão embutidas no próprio sujeito de estudo da ciência: estamos noutros tempos, num outro espaço. Somos autores das ações que revelam os nossos projetos de vida. Estudaremos para além de uma concepção cronológica dos fatos, a História Social, que dá voz para indivíduos escravo, operários, pedreiros, carroceiros... Sem amarras ideológicas que comprometam nossas atitudes, tornando-as irresponsáveis e tristes.
É com esta perspectiva que o curso se monta, se arquiteta, se engendra.
E isto é só um começo. A gênese do conhecimento.
Prof. Augusto Spínola
Profª Mayra Paniago